se quiser saber um pouco mais do mesmo, nada de novo:

Ocupar novamente a USP

Ocupar novamente a USP e denunciar os privilégios da elite branca conservadora!

A Edição 27, da Revista Carta Escola (www.cartanaescola.com.br) trouxe uma entrevista com a Pró-reitora da USP, Selma Garrido, na qual a dirigente da USP responsabiliza os próprios estudantes da rede pública pela exclusão patrocinada pela Universidade, afirmando que existe "auto-exclusão" por parte dos estudantes pobres e que a outra parte da culpa ela atribue ao ProUni. Veja trechos da reportagem "Lenta, gradual e restrita", de Livia Perozim:

"No último vestibular da USP, o de 2008, 140 mil jovens concorreram a 10 mil vagas. Entre os aprovados, cerca de 75% são provenientes de escolas privadas e 25%, de escolas públicas. A discrepância não seria tão assustadora se, no estado de São Paulo, 85% dos alunos do Ensino Médio não estudassem na rede pública de ensino." Questionada sobre a Representação feita pela Educafro ao Ministério Público Estadual, pelo fato do Inclusp ter sido pouco discutido com a sociedade e o meio acadêmico, a Reitora dá uma discarada resposta, assumindo a postura anti-democrática: "Se discutíssemos com a sociedade, engessaríamos uma decisão. A USP é uma universidade plural, que tem grupos com diferentes perspectivas. Há membros dessa academia que são radicalmente contra qualquer ação da universidade na direção de inclusão de qualquer natureza. É uma força que expressa essa perspectiva conservadora".

A revista pergunta: "Como o Inclusp garante que agregando estudantes de escola pública está incluindo negros?"
Selma: "Os resultados desses dois anos do Inclusp mostraram isso. Houve um aumento."
Revista: "De 0,9% de negros?"

Mais uma vez a dirigente da USP brinca com o povo e provoca...
Selma: "Sim, isto é um aumento. Não é o aumento que o Movimento Negro gostaria. Mas estamos falando de lugares diferentes. O que a USP tem clareza é que não temos como alterar as condições de base que produziram a desigualdade neste país. O estudante que aqui ingressa é da escola particular e pode pagar escola e cursinho. Com algumas exceções de ótimas escolas particulares, você também tem muitas escolas particulares com uma qualidade que deixa a desejar"...

A Pró-reitora admite em seguida o caráter elitista da Instituição...
Revista: "A USP não é excludente?"
Selma: "A USP é excludente e, ao admitir isso, estamos tentando mostrar uma perspectiva de mudança. Mas também estou sendo absolutamente aberta em afirmar que nós não somos ingênuos de acreditar que de um dia para o outro faremos uma grande transformação."

Cabe-nos reafirmar: é importante destruir a mentalidade elitista ocupar novamente a USP!! O advogado da Educafro, Cleyton Wenceslau Borges lembra que "em dois anos de implementação do Inclusp, nenhum dos objetivos foi alcançado: não atraiu e não aprovou mais alunos da rede pública. Pior: o percentual de estudantes de escolas públicas na primeira convocação da Fuvest diminuiu. Em 2007, eram 26,1%. Em 2008, caiu para 25,3%. Como o programa não contempla recorte sócio-econômico e étnico, o fracasso foi absoluto no que diz respeito à inserção de pobres e negros". Esta constatação se traduz em estatísticas da própria USP. Cleyton cita que, "na comparação entre ingressantes de 2006 e 2007, dos 322 estudantes de escola pública que não teriam entrado sem a bonificação, 87 são negros. O total de ingressantes na USP em 2007 soma 10.189. Os beneficiados pela política afirmativa representam, então, 3,2% do corpo estudantil que entrou este ano na primeira chamada do vestibular. Os negros que entraram pelo Inclusp somam apenas 0,85% desse total."

Um dado chocante é que entre 2006 e 2007, diminuiu a parcela de estudantes com renda familiar das duas faixas inferiores (até R$ 500 e de R$ 500 a R$ 1,5 mil). Enquanto isso, aumentaram todas as parcelas de calouros de famílias de faixas superiores - desde os com que ficam entre R$ 1,5 mil e R$ 3 mil até aqueles em que a renda ultrapassa R$ 10 mil.
Para o físico Marcelo Tragtenberg, professor na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e especialista em políticas afirmativas, o Inclusp não promoveu a inclusão em 46% dos cursos. "Em 67 dos 146 cursos, não melhorou, ou piorou, a porcentagem de estudantes de escolas públicas. Isso sem considerar se essa melhora foi significativa ou não", explica. Analisando a entrada de negros na USP, completa o especialista, a situação é ainda mais grave. Nada mudou em quase a metade (71) dos cursos. "Quando se desenvolve um sistema de bônus, seria recomendável que isso se adequasse aos cursos", critica.

Por isso, conclamos a todos os movimentos organizados na luta pela Educação Pública a ocuparem novamente a USP e denunciar os privilégios da elite branca conservadora!!!

Uma revista na USP, inteiramente sobre Cotas!

Desde que ocupamos a USP no ano passado e batemos de frente contra o Inclusp, temos nos destacado nos questionamentos públicos em favor de ações afirmativas nas universidades públicas, na USP em especial. Mais um resultado veio agora: a edição número 43 da Revista Adusp (Cotas no Brasil - Um panorama da aplicação de políticas afirmativas nas universidades públicas) acaba de ser publicada e está excelente! Parabenizamos a Adusp na figura do companheiro Antonio Biondi!

"O que os dados indicam é que já vivemos quase que em um sistema de cotas: só que para brancos e para os segmentos mais ricos da população. Pode-se argüir que se trata apenas de uma exclusão econômica, mas o que os dados indicam é que há um claro viés étnico neste processo, que faz com que para um dado extrato socioeconômico os negros recebam menores salários e avancem menos na escolarização." Dizem José Marcelino de Rezende Pinto - do Departamento de Psicologia e Educação da USP e Rubens Barbosa de Camargo - do Departamento de Administração Escolar e Economia da Educação da USP, em um artigo da revista.
Em uma das matérias, Douglas Belchior, professor de história, da coordenação
da Educafro, entende que houve "avanços enormes" nas políticas afirmativas no Brasil nos últimos anos. "Em São Paulo, especialmente. é a ilha do elitismo no ensino superior, a grande ilha da exclusão, do preconceito, do racismo", e onde se evidencia a "briga com a nata da burguesia nacional, apoiada pela imprensa conservadora e contrária às cotas". De acordo com Belchior, a Educafro defende que as "cotas para negros nas universidades têm que ser proporcionais à população do Estado e do país". Assim, "se em São Paulo há 31% de negros, tem que ser 31% de vagas". Paralelamente às cotas para negros, a entidade defende cotas sócio-econômicas e para as escolas públicas. Renato Ferreira, pesquisador do Laboratório de Políticas Públicas da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (LPP-UERJ), onde coordena o Programa Políticas da Cor, explica que "as cotas são uma das formas de políticas afirmativas ou de inclusão", para Renato, trata-se de "um processo lento e gradual, mas profundamente transformador", que "promove a diversidade" e coloca "um fim à invisibilidade das desigualdades raciais".
o conteúdo integral da revista. Está garantido que cada núcleo da Educafro receberá um exemplar para trabalhar nas aulas de "Cultura e Cidadania". Ao todo são 7 matérias especiais, com 43 páginas sobre Cotas!

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