se quiser saber um pouco mais do mesmo, nada de novo:

Vestibular de Cultura e Cidadania? Que é isso?

Este é o décimo primeiro ano que fazemos. Mas realmente é uma idéia ainda nova. Não se pautar por quem decora macetes... quem paga... ou quem teve mais acesso a conteúdos descartáveis, típicos do vestibular da Fuvest e outros por aí que não aferem capacidade. O Vestibular de Cultura e Cidadania da Educafro avalia 3200 estudantes de escolas públicas e identifica qualidades outras, como militância, consciência crítica, formação política, disposição para vencer, superação de dificuldades, enfim, encontra talentos que as universidades não encontram.

Diferente dos vestibulares tradicionais, como o da FUVEST, conteúdo cobrado privilegia potencial e não o mérito;

Por Jorge Américo: Neste final de semana, 18 e 19 de outubro, 3200 estudantes, vindos de 49 municípios, fizeram o “Vestibular de Cidadania da Educafro”. A avaliação é parte de um programa de ação afirmativa que ofertará, neste ano, 850 bolsas de estudos parciais e integrais em nove instituições de Ensino Superior. A coordenação informou que a prova foi totalmente digitalizada para que os alunos começassem a se habituar ao uso do computador, visto que muitos ainda vivem em situação de exclusão digital.
A pontuação obtida pelos candidatos não é garantia de conquista do benefício. Outros critérios também são analisados. As mulheres, negros e PNEs são priorizados. A idade (quanto mais avançada, maiores as chances), a situação sócio-econômica e o envolvimento com trabalhos voluntários também ajudam na colocação. Busca-se, assim, atender àquelas pessoas que são barradas em maior proporção pelos atuais mecanismos de acesso à universidade.
Aparecida Gisele dos Santos, 33, terminou o Ensino Médio há 15 anos e só agora pôde retomar os estudos. “Como meu marido está desempregado, acabei me tornando ‘chefe-de-família’. Tenho dois filhos e não posso pagar a mensalidade de uma faculdade particular. Pretendo cursar Direito e a única maneira que vejo de realizar este sonho é através de uma bolsa de estudos”.
O “Vestibular de Cidadania da Educafro” possui características diferentes dos vestibulares tradicionais, como o da FUVEST. Isso porque os conteúdos meramente acadêmicos não tocam no cerne das questões que rodeiam e angustiam a juventude, principalmente aquela inserida em bairros periféricos, onde a presença do Estado é cada vez menor. “Nossa prova é um exemplo de inclusão pedagógica, popular e cidadã. As questões visam continuar o processo de aprendizagem que é desenvolvido em sala de aula. É uma forma de aprender na prática”, explica Adriano Rodrigues, coordenador pedagógico da Educafro.
Cleyton Borges, da coordenação do vestibular revela que o conteúdo cobrado privilegia o potencial e não o mérito. “Enxergamos como sendo mais importante a capacidade de reflexão e não apenas a de assimilação. As questões são elaboradas com base em temas étnico-raciais e contemplam a conjuntura política, econômica e social do país”. Segundo Borges, há uma sintonia com a Lei 10.639/03 (alterada pela Lei 11.645/08), que torna obrigatório o ensino da História e Cultura Afro-Brasileira nas escolas de Ensino Fundamental e Médio.
Desde o surgimento dos primeiros cursinhos comunitários, na década de 80, a disciplina de “Cultura e Cidadania” é parte estrutural da grade pedagógica nos núcleos da Educafro. “A formação política e cultural permeia as demais disciplinas, o que permite construirmos uma base sólida na busca do conhecimento emancipatório e da transformação social”, diz Frei Valnei Brunetto, diretor-executivo da Educafro.
Suellen Marques fez o Vestibular de Cidadania há quatro anos e hoje é bolsista no curso de Administração. Faz parte do grupo de 100 voluntários que se revezaram entre sábado e domingo últimos para cuidar da infra-estrutura e recepção dos candidatos. “As semanas que antecederam o exame exigiram um esforço dobrado. Viramos a noite várias vezes cuidando dos detalhes”.

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